SAÚDE

VACINA CEARENSE EM ESTÁGIO AVANÇADO.

O pesquisador Ney de Carvalho Almeida  propôs o uso da vacina veterinária para sua tese de doutorado em 2020. A professora Izabel Guedes, lidera o  Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Uece, e o professor Maurício van Tilburg   também faz parte do trabalho.  
O pesquisador Ney de Carvalho Almeida propôs o uso da vacina veterinária para sua tese de doutorado em 2020. A professora Izabel Guedes, lidera o Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Uece, e o professor Maurício van Tilburg (ao centro), também faz parte do trabalho. (Foto: Acervo Pessoal).Uma vacina veterinária vem sendo estudada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) desde abril de 2020 para ser usada contra a Covid-19. Obtendo resultados satisfatórios na etapa pré-clínica com camundongos, o estudo agora espera autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar testes em humanos, que devem levar cerca de um ano.
O imunizante utiliza um coronavírus aviário (IBV) atenuado que é manuseado há décadas na avicultura e não causa infecção em seres humanos. Possivelmente, a vacina deverá ser aplicada via intranasal, por meio de gotas no nariz, em duas doses, com intervalo de 15 dias, e um reforço a cada seis meses.
O pesquisador e médico veterinário Ney de Carvalho Almeida, do Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Uece, está trabalhando no estudo com uma equipe. Doutorando em Biotecnologia, ele explica que o vírus aviário empregado na vacina é da mesma família do Sars-Cov-2, que causa a Covid-19, mas pertence a outro grupo.
“Os camundongos responderam como estávamos esperando com a vacina aviária, produzindo anticorpos. Colhemos esses anticorpos e vimos que eles conseguiram neutralizar o Sars-Cov-2. Esperamos que seja semelhante em humanos”, projeta. Nenhum efeito adverso foi registrado nos roedores.
Ney foi foi quem propôs testar a vacina veterinária aplicada em aves contra o novo coronavírus para sua tese de Doutorado. Segundo ele, a possibilidade de administração intranasal do imunizante viabiliza a disponibilização do mesmo em farmácias, após uma eventual aprovação.
Se tudo der certo nas três etapas dos estudos com humanos, a invenção cearense para combater a Covid-19 poderá ser comercializada a baixo custo. Com apenas 11 reais, Ney diz que seria possível comprar 250 doses e imunizar 125 pessoas, considerando duas doses. 
O laboratório à frente da pesquisa na Uece é liderado pela professora Izabel Florindo Guedes, coordenadora do Ponto Focal Ceará do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (Renorbio). Também integra o trabalho o docente do mesmo programa na universidade, Mauricio Fraga van Tilburg.
Financiamento  A cada etapa dos estudos clínicos, os resultados são enviados para a Anvisa. Caso não sejam registradas intercorrências durante os trâmites, como efeitos adversos graves, é possível que dentro de um ano os testes estejam sendo terminados. Mas a finalização das pesquisas também depende de investimentos. Até o momento, o projeto não possui financiamento externo.
“Tem muita gente que já está ciente dessa pesquisa, mas as parcerias não chegaram. Nem por parte das instituições públicas, nem do governo federal ou estadual, mas a gente tá aqui”, explica Ney sobre a abertura da pesquisa a parcerias.
Não é possível calcular os gastos totais para o estudo, mas apenas na primeira etapa dos testes com humanos o pesquisador supõe que seriam investidos cerca de R$ 50 mil somente com exames que os voluntários precisam fazer durante o processo.
Em setembro de 2020, a Uece entrou com pedido de patente da criação da vacina junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e recebeu aprovação. As únicas instituições que atuam no apoio são a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Laboratório Labluz, do Instituto da Primeira Infância (Iprede).
Confira as etapas dos estudos clínicos de uma vacinaFase 1 – Voluntários sadios (20-100)Buscará constatar efeitos adversos sérios. Voluntários devem ter entre 18 e 60 anos.
Fase 2 – Voluntários (100 – 1.000)São observados efeitos adversos a curto prazo, resposta do sistema imune e dose de imunização mais eficaz.
Fase 3 – Milhares de voluntários (30 mil, 60 mil), de preferência de outros estados do País é realizada comparação entre grupo imunizado e grupo controle. São averiguados sintomas adversos mais frequentes, segurança e eficácia.
Fase 4Após a aprovação da Anvisa e vacinação em massa com o imunizante, há monitoramento da produção, sistema de notificação de eventos adversos e avaliação da segurança real e efetividade da vacina.
Fontes: manual Noticiando Vacinas (Agência Bori) e Ney de Carvalho Almeida (Uece)

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